ALGATEC recebe empreendedores candidatos ao programa Blue Bio Value
Fonte: a4f
A4F recebeu a visita de startups ligadas ao setor da bioeconomia marinha no ALGATEC Eco Business Park
A mudança cultural é difícil, mas já não é possível, inteligente ou economicamente viável projetar o futuro de costas voltadas para o mar. Para além do bacalhau, da sardinha ou do turismo do sol e praia, o mar representa um capital imenso, cujos recursos têm, contudo, de ser explorados de forma sustentável.
O programa Blue Bio Value procura acelerar a transição para uma economia azul, que também se faz de algas, sensores e sal. O futuro da economia é "bio" e, por isso, não haveria melhor razão para selecionar o ALGATEC Eco Business Park, à beira Tejo, na Póvoa de Santa Iria, para as visitas de campo dos empreendedores candidatos àquele programa promovido pela Fundação Oceano Azul e pela Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com a Blue Bio Alliance.
Aliás, dia 18 de novembro último, o Blue Bio Value, iniciativa lançada em 2018 e orientada para as startups da bioeconomia marinha, não facilitou apenas o conhecimento das instalações e facilidades do ALGATEC – parque resultante de uma parceria entre a A4F Algae for Future, a Green Aqua Póvoa e a HyChem, e que acolhe empresas e projetos empreendedores no setor das algas e microalgas. As fieldtrips incluíram, também, o Biocant Park, em Cantanhade, onde a Biotrend, empresa do grupo A4F, desenvolve, otimiza e aumenta a escala de processos de fermentação microbiana nas áreas da biotecnologia marinha e industrial.
Os empreendedores dos 17 projetos, quatro dos quais portugueses, que atingiram a reta final da quarta edição do Blue Bio Value, puderam assim conhecer in loco empresas e centros de investigação a operar na área da bioeconomia azul, e contactar diretamente alguns dos seus responsáveis.
No ALGATEC, o briefing esteve a cargo de Edgar Santos, Administrador Executivo da A4F com o pelouro da Engenharia e Projetos Industriais, e a visita ao laboratório, ao Eco Business Park e à biorrefinaria foi conduzida por Luís Costa, Administrador Executivo da A4F com o pelouro das Operações e Desenvolvimento de Negócio. Oportunidades de networking que os quase 50 participantes não desperdiçaram no diálogo mantido ao longo da manhã.
80 candidaturas de 28 países
Durante sete semanas – cinco remotas e duas presenciais, em Portugal – os empreendedores tiveram acesso a mentores nacionais e internacionais e formação em diferentes áreas, como a biotecnologia, gestão, acesso a financiamento, marketing e comunicação ou aconselhamento legal.
As startups que mais se destacarem no decorrer da aceleração serão premiadas com um valor de 45 mil euros e, entre 80 candidaturas oriundas de 28 países, o programa poderá distinguir:
– A BOTL, que desenha, constrói e instala "recifes" artificiais permitindo a recuperação de ecossistemas marinhos danificados;
– A Fhair, que utiliza sal marinho da Ria Formosa em produtos de higiene;
– A n9ve, cujo projeto recorre a macroalgas verdes para recuperar neodímio de ímanes permanentes e assim produzir óxido de neodímio, utilizado no fabrico quer de vidro para telas de TV quer de lasers para equipamentos de alta potência;
– A Sensefinity, que criou uma rede de sensores inteligentes para identificar peixes e monitorizar temperatura, humidade e movimento;
– Ou a Seatrients, por desenvolver uma bebida instantânea nutritiva a partir de algas marinhas.
O programa Blue Bio Value já acelerou 42 empresas de 15 nacionalidades. Em quatro edições, a Fundação Oceano Azul e a Fundação Calouste Gulbenkian investiram um total de dois milhões de euros, contribuindo para que três startups internacionais se sediassem em Portugal.
Bioeconomia: alternativa sustentável
Os setores tradicionais da economia azul, como as pescas, o turismo, os transportes marítimos, a construção naval e a exploração de recursos energéticos já representam 1,5% do PIB Bruto da União Europeia e empregam diretamente 4,7 milhões de pessoas. Mas setores emergentes, como o das energias renováveis, da biotecnologia e da bioeconomia estão a criar novas oportunidades.
As algas (macro e micro), as bactérias, fungos e invertebrados estão entre os mais importantes recursos marinhos usados como matéria-prima na bioeconomia azul, para uma variedade de aplicações comerciais, incluindo alimentos e suplementos alimentares, rações, cosméticos, fertilizantes e bioestimulantes de plantas e usos comerciais inovadores como biomateriais, biorremediação ou biocombustíveis. E todos os anos são descobertos centenas de novos compostos do meio marinho, o que reflete a natureza inovadora e o potencial deste setor.